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Desafio da imagem dado pela Olhos

Posted by Nanda Cris on 9 de dezembro de 2012 20:52 in , ,


Não sabia se era sonho ou se era realidade. Sentia-se cansada de tanto andar por aquela mata. Parecia que andava em círculos. Forçava a mente a cada passo para tentar lembrar como havia chegado ali.
Nada. Vazio. Branco.
Quanto tempo já teria passado? Olhou para as copas das árvores. Eram bem fechadas, muito pouco da luz da lua se infiltrava. Não era possível saber sua altura no céu.
Tropeçou, quase caiu. Concentrou-se no caminho. Era difícil andar sem um objetivo. O que fazer?
Aguçou os ouvidos. Já estava quase retomando a caminhada quando ouviu um uivo. O resto da mata era puro silêncio. Até o vento parecia reverenciar o lobo, abstendo-se de balançar a folhagem sem a sua permissão.
Seguiu o som do uivo. Se a morte era a saída para aquele inferno verde, ela a aceitaria de braços abertos. O infinito sem rumo lhe era intragável.
Andou por minutos que pareceram horas. Por dias que pareceram segundos. Ali não havia uma boa perspectiva de tempo.
Seus olhos embaçados da mesmice atrapalharam-se para interpretar o novo estímulo visual a que estavam expostos. Coçou-os. Melhorou um pouco. Era uma escada. Para onde levaria?
Mais uma vez o uivo se ergueu imperativo pela mata. Provinha do final da escada. Dirigiu-se para lá sem pudor.
Sentia o orvalho nos pés descalços. A camisola prendeu-se num galho e se rasgou, ela parecia hipnotizada, nada via, apenas seu objetivo. Galgou o último degrau. E lá estava ele, sentado, encarando-a. Como se a esperasse. A lua brilhava em seus pelos.  Sua respiração era compassada. Tudo era força e músculo.
Esticou a mão direita, sem nem pensar sobre o que estava fazendo. Se era uma saudação, um afago, um gesto de paz ou uma ameaça, ela ainda não tinha decidido. Só sabia que seu corpo estava esticando a mão enquanto sua mente gritava "Perigo!".
O lobo rosnou e atacou. Ela gritou e se sentou na cama. Arfava. Era só um sonho. Só um sonho. Apalpou-se. Tudo inteiro. Afastou o lençol e viu a camisola imaculada. Nenhum rasgo. Continuou descendo os olhos. E foi então que viu seus pés. Sujos de grama e orvalho.
Estava enlouquecendo.

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2 comentários:

  1. Muito legal.
    Juro, que por um segundo, quando li "algou o último degrau. E lá estava ele, sentado, encarando-a. Como se a esperasse.", eu pensei "puta merda, ela vai colocar o Jacob na história", mas foi muito mais legal que isso.
    Se você jogasse RPG, mais especificamente Lobisomem, poderia usar essa história como o seu "Despertar". :)

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  2. Nanda...você foi perfeita nessa narração! Frases muito bem elaboradas e de uma intensidade fantástica!
    Adorei essa em particular: "Até o vento parecia reverenciar o lobo, abstendo-se de balançar a folhagem sem a sua permissão." PERFEITA!
    Você voltou inspirada mesmo hem? ^^

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